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Se você fosse arriscar um palpite sobre o que seria o verdadeiro ritmo carioca qual seria: o samba ou funk? Pois é, hoje em dia, ninguém sabe mais responder! No entanto há uns 15 ou, talvez, 20 anos atrás a resposta sairia naturalmente como o samba, é claro! O que mais representa a malandragem carioca, a melodia que vem da Lapa (bairro bohêmio do Rio de Janeiro), que consagrou inúmeros artistas, compositores e intérpretes.
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Deputado Marcelo Freixo é autor da lei que reconhece o funk comomovimento cultural. Crédito: Divulgação/ALERJ |
Mas, dos anos 90 para cá, essa resposta não sai tão fácil assim. Outro som, que também eclodiu nas comunidades, passou a ecoar nas principais pistas de dança da cidade. Assim como o samba, o funk se firmou como o som que é a cara da Cidade Maravilhosa e rapidamente tornou-se conhecido em todo o Brasil.
A consagração do gênero deu-se no dia primeiro de Setembro de 2009. Na ocasião, os Deputados estaduais do Rio aprovaram o projeto de lei que definiu o funk como movimento cultural. Feito do Deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ), quem defende, com unhas e dentes, a manifestão popular dos funkeiros cariocas.
- Uma manifestação popular que envolve mais de um milhão de jovens por final de semana, não pode ser reprimida, do jeito que é, pela segurança pública. Negar a importância cultural dessa linguagem, dessa poesia, dessa música é negar o reconhecimento de cidadania e dignidade de uma parcela enorme da sociedade - afirmou o deputado.
Quem faz coro com Freixo é MC Leonardo, autor do hit "Rap das Armas", que estorou nas paradas de sucesso, nos anos 90, e voltou às rádios com força total após o lançamento do filme Tropa de Elite I, em 2007. Leonardo é hoje um dos líderes da APAFUNK (Associação de Profissionais e Amigos do Funk) e colunista da revista Caros Amigos. Para ele, o funk é muito mais do que simplesmente um movimento culural.
Relembre o "Rap das Armas", do MC Leonardo
- O funk, antes de cultural, é um veículo de comunicação dentros das comunidades. Quem está dentro da favela, não fala, não tem credibilidade para falar e não tem espaço. Os caras não tiveram educação. A cada cinquenta palavras, trinta são gírias e vinte são palavrões. Eles querem falar, eles tem direito e nisso o funk ajuda bastante - contou o MC.
- O funk, antes de cultural, é um veículo de comunicação dentros das comunidades. Quem está dentro da favela, não fala, não tem credibilidade para falar e não tem espaço. Os caras não tiveram educação. A cada cinquenta palavras, trinta são gírias e vinte são palavrões. Eles querem falar, eles tem direito e nisso o funk ajuda bastante - contou o MC.
Doutora em Antropologia Social pela UFRJ, mestra em História Social da Cultura pela PUC e formada em História pela UFF, a professora Adriana Facina, da UFF também engajou-se na luta pelo reconhecimento do funk como cultura.
Adriana, aliás, condena e lamenta quem é contra o genêro que reproduz a voz dos oprimidos na sociedade:
- O gosto é uma construção histórica e de classe. Os que hoje se ofendem com a batida do funk são herdeiros culturais dos senhores de escravos que temiam os batuques vindos de suas senzalas, pois eles demonstravam a autonomia e a potência dos que estavam no cativeiro - disse ao site Portal Literal.
Então, nós do blog Funk In Rio, fomos às ruas, ou melhor, em uma comunidade da Zona Norte de Niterói, para saber, de alguns moradores, se o funk é o verdadeiro ritmo carioca e se mereceu o título de movimento cultural:
- Bom, realmente o funk pode ser o mais forte, o "popular", porém, prefiro que o samba represente melhor como ritmo carioca. O funk movimento cultural? Funk ? Não pra mim! Me diga um ponto positivo que o funk traz na vida de alguém? Nenhum, nada, zero - comentou Érika Araújo, moradora da comunidade da Riodades.
Já para Henrique, mais conhecido como Robinho da Riodades, o funk deu voz ativa e emprego para vários moradores do local.
- O funk, além de divertir a rapaziada, deu uma profissão a quem pensava entrar para o lado ruim, entende? É a nossa voz na sociedade. Só assim, eles (a população), sabem que nós existimos - decretou.
O que nos resta é opinar, diverigir e discutir o funk sem os velhos preconceitos e sem achar que os funkeiros são todos bandidos ou que são todos propagadores de profanidade. Mas e você, o que acha desse movimento que já se espalhou pelo país e que até já se tornou popular em regiões como a Europa, por exemplo? Dê a sua opinião e participe do nosso blog!
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