Sérgio de Melo
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Para grande parte da população o funk está sempre relacionado à música produzida nos morros cariocas. Embora difundido por todo país, no Brasil tornou-se quase que um produto do Rio de Janeiro. Hoje, as músicas mais tocadas nas emissoras e ouvidas pelo grande público são as que têm algum tipo de apelo sensual, feito através das letras e de coreografias. Mas o que é produzido de funk, atualmente, no Brasil? Quais são as vertentes desse segmento musical no país? Quem faz e onde é feito o funk? Qual é o papel desse estilo musical na sociedade?
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Hermano Vianna é estudioso de cultura brasileira. Crédito: Divulgação |
No Rio de Janeiro, o funk foi um desdobramento de um movimento chamado Black Rio que realizava bailes soul em toda a cidade, na periferia e também na zona sul, havendo uma transformação musical “lenta e gradual”. Nesse momento, já se tocava nos bailes o hip hop, que aos poucos substituiu o charme. “Com o sucesso internacional do hip hop a zona sul voltou a se interessar pela black music.
Para o sociólogo Hermano Vianna, diz que, além desta origem vinculada ao movimento realizado nos Estados Unidos, houve uma outra mistura de elemntos culturais para o formar o gênero musical:
- Também é preciso que se reconheça que o funk é o que chamamos de uma música diaspórica, ou seja, um tipo de música que nasceu nos EUA, mas que foi criada a partir do tráfico internacional de seres humanos, em sua maioria africanos, que também foram trazidos à força para o Brasil. Portanto, o blues, o funk, o samba, a capoeira, as religiões afro-brasileiras são manifestações culturais que têm origens históricas comuns, independente das fronteiras nacionais. Além disso, após mais de 30 anos de presença no Brasil, o funk se nacionalizou, inclusive na sua batida eletrônica, que vai samplear berimbaus, atabaques, tamborins, surdos etc - diz Vianna.
De acordo com Luciano, conhecido como MC Patrão, ele acredita que o funk hoje é uma forma de geração de renda:
- Ainda são poucos, mas existem artistas que conseguem viver disso - diz o MC.
“Patrão” ainda fala a respeito sobre o proibidão e o Funk sensual, vertente do funk que ele diz representar:
- O proibidão é uma vertente do funk que explora de forma exagerada e o temas da violência e do crime ou sexo , muitas vezes narrando, sem nenhum pudor, situações eróticas vividas ou desejadas pelos intérpretes.
Funk que toca nas rádios não é o proibidão, mas sim suas versões light. O que toca nas rádios hoje é basicamente o chamado funk sensual, de duplo sentido, lado mais explorado pela mídia hoje, em detrimento do chamado funk consciente, que era muito forte na década de 1990.
- O proibidão é uma vertente do funk que explora de forma exagerada e o temas da violência e do crime ou sexo , muitas vezes narrando, sem nenhum pudor, situações eróticas vividas ou desejadas pelos intérpretes.
MC Patrão é representante do funk que envolvem a sensualidade
Funk que toca nas rádios não é o proibidão, mas sim suas versões light. O que toca nas rádios hoje é basicamente o chamado funk sensual, de duplo sentido, lado mais explorado pela mídia hoje, em detrimento do chamado funk consciente, que era muito forte na década de 1990.
A existência do mundo funk carioca contraria em vários pontos as teses anteriores sobre o funcionamento da mídia no Brasil. O consumo de funk no Rio não pode de maneira alguma ser considerado uma imposição dos meios de comunicação de massa. Pelo contrário: parece até haver um complô dessas mídias com o objetivo de ignorar o fenômeno.
A existência do mundo funk no Rio é desconhecida pelas gravadoras que trabalham com esse tipo de música nos Estados Unidos (no caso excepcional de venderem discos para todas as equipes cariocas.Portanto, elas não acionam qualquer política de marketing visando seduzir o público carioca, coisa economicamente impossível para o tamanho dessas empresas.
O Funk enquanto expressão cultural se encontra inserido nesse contexto. Sendo assim, a presença do funk na vida da maioria dos jovens é tão marcante que alguns procedimentos vivenciados por eles em bailes deste gênero cultural são transportados para a sociedade, retratando a sua força simbólica
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